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Continuar lendoA Dermatomiosite é uma doença inflamatória, de causa desconhecida, caracterizada por fraqueza muscular, e que causa manifestações cutâneas características: como manchas vermelhas. Esta doença crônica pode apresentar associações com antígenos de histocompatibilidade, vírus, drogas e autoimunidade.
A dermatomiosite (DM) é uma miopatia inflamatória idiopática rara que afeta adultos e crianças, principalmente do sexo feminino, considerada um distúrbio heterogêneo com vários fenótipos, incluindo miosite (inflamação dos músculos), dermatite (inflamação na pele) e doença pulmonar intersticial (doenças respiratórias caracterizadas pela inflamação e/ou cicatrização do tecido pulmonar resultando em insuficiência respiratória). Com uma prevalência de 10 a 60 casos por milhão de habitantes/ano.
Os sintomas cutâneos típicos podem aparecer de seis meses a dois anos antes do envolvimento muscular (dermatomiosite amiopática) de modo lento e progressivo, e incluem:
Geralmente estas lesões cutâneas podem aparecer ou se acentuar após exposição ao sol.
Os principais músculos acometidos são aqueles localizados nas coxas e na parte proximal dos braços. Os sintomas musculares incluem:
De forma menos comum, os indivíduos com dermatomiosite podem apresentar ainda sintomas sistêmicos como artrite, doença esofágica, falta de ar e dificuldade para engolir ou falar, e acometimento de outros órgãos como o coração, pulmões e intestino. Alguns estudos sugerem que indivíduos com mais de 60 anos podem apresentar maior risco de desenvolver câncer, principalmente ao câncer de ovário.
Eventualmente a doença pode apresentar-se apenas com manifestações musculares (polimiosite), mais frequente em adultos que em crianças (o que dificulta e atrasa o diagnóstico), e mais raramente, apenas com manifestações cutâneas (dermatomiosite amiopática).
Chamamos de dermatomiosite juvenil quando a doença tem início antes dos 16 anos de idade. Sendo uma doença muito rara com uma incidência global de aproximadamente 2 a 4 por milhão de indivíduos, heterogênea com evolução clínica variável, envolvimento de órgãos e, sendo frequentemente complicada pelo desenvolvimento de calcinose, uma condição caracterizada pela deposição de sais de cálcio embaixo da pele e em tecidos moles como músculos, tendões e gordura.
Na dermatomiosite é comum as crianças relatarem dores pelo corpo e nos músculos, febre, disfagia, dificuldade para levantar os braços (como pentear os cabelos), subir escadas, levantar-se do chão. Podem ocorrer também dor ou inchaço articular, dificuldade para engolir, regurgitação ou vômitos, tosse, dificuldade para respirar e quedas frequentes.
Até o momento não há uma causa definida. Sabe-se que o desenvolvimento da doença está relacionado a um distúrbio imunológico e associado a uma predisposição genética, que resultam em inflamação dos vasos sanguíneos (vasculite). Infecções por vírus ou bactérias podem preceder o aparecimento dos sintomas. No entanto, o papel destes agentes no desencadeamento da doença ainda é incerto.
A causa da miosite autoimune parece ser uma reação autoimune ao tecido muscular em pessoas com suscetibilidade genética. No qual, os subtipos de antígenos leucocitários humanos (HLA) DR3, DR52 e DR6 parecem ser predisponentes genéticos.
A associação da doença com os subtipos de antígenos leucocitários humanos (HLA) é tão importante, que foi proposto a subclassificação da dermatomiosite (DM) em dois grandes grupos imunogenéticos: HLA DRw52 (miosite mais grave e pior prognóstico) e HLA DRw53 (miosite menos grave e com melhor prognóstico). A DM familiar é rara, tendo sido descritos alguns casos, principalmente na dermatomiosite juvenil.
Infecções virais podem desencadear a DM. Infecções por vírus influenza A, hepatite B, Coxsackie, Echovírus, HIV, HTLV e Picornavírus, foram encontradas nas células musculares, mas sua importância não é conhecida e os vírus podem desencadear distúrbios semelhantes em animais.
Outros possíveis fatores desencadeantes incluem neoplasias e drogas. A associação de câncer com dermatomiosite (menos com polimiosite) sugere que um tumor pode ser desencadeado a partir de uma resposta imunológica contra um antígeno comum presente nas células musculares. Sua associação ocorre em até 30% dos casos. A associação com drogas foi reportada em casos após uso de sulfonamidas, penicilina, progesterona, isoniazida e D-penicilamina.
O quadro clínico e a evolução da doença estão associados à produção de anticorpos específicos. Existem dois grupos de autoanticorpos: miosite específicos (MSAs) e miosite associados (MAAs). Por definição, autoanticorpos específicos para miosite (MSAs) são encontrados apenas em pacientes com miopatias inflamatórias idiopáticas (dermatomiosite, polimiosite, miosite de corpos de inclusão e miopatias necrotizantes) e, estão associadas a características clínicas do espectro da dermatomiosite, auxiliando no diagnóstico e subclassificação de pacientes para cuidados clínicos cada vez mais específicos. Enquanto os anticorpos miosite associados são geralmente encontrados em doenças mistas do tecido conjuntivo com miosite.
Anticorpos específicos contra a tRNA sintetase (anti Jo-1, anti-PL7, anti-PL12, anti- EJ, anti-0J) e anticorpos antinucleares (ANA) são observados em até 80% dos pacientes, e são importantes para identificar outras síndromes de sobreposição.
Estudos recentes demonstraram que os autoanticorpos podem ser identificados em 60–95% dos pacientes com dermatomiosite juvenil e fornecem um grau adicional de refinamento fenotípico, além da correlação histopatológica, pois estão associados a combinações características de fenótipos sistêmicos e cutâneos e, mesmo na ausência de uma plataforma comum de teste de autoanticorpos, o reconhecimento desses padrões e combinações pode ajudar no diagnóstico de dermatomiosite.
O diagnóstico da dermatomiosite baseia-se nas manifestações clínicas e nas alterações de exames laboratoriais. Geralmente as enzimas musculares como a creatino fosfoquinase (CK), a desidrogenase láctica (DHL), a aldolase e as transaminases (TGO e TGP) encontram-se elevadas. Biópsia muscular, biópsia cutânea e eletroneuromiografia (ENMG) geralmente são realizados em casos de apresentação atípica ou quando há dúvidas no diagnóstico. Exames de imagem como ultrassonografia e ressonância nuclear magnética também podem ser realizadas para localizar o melhor grupo muscular para a realização da biópsia.
A apresentação clínica inconsistente cria um desafio diagnóstico. A heterogeneidade significativa entre os pacientes com dermatomiosite levou em 2017 a Liga Europeia contra o Reumatismo e o Colégio Americano de Reumatologia a publicarem novos critérios de classificação para miopatias inflamatórias idiopáticas adultas e juvenis e seus principais subgrupos.
Estratégias para definir melhor subgrupos homogêneos de pacientes com dermatomiosite são cruciais para facilitar o diagnóstico, informar o prognóstico e permitir terapias novas e existentes. Além disso, os anticorpos específicos para miosite são importantes ferramentas auxiliares para o diagnóstico e subclassificação de pacientes que guiarão cuidados clínicos cada vez mais específicos no futuro.
O tratamento da dermatomiosite é realizado conforme manifestação dos sintomas clínicos apresentados pelos pacientes, mas geralmente inclui o uso de:
Essas medicações, na maioria das vezes, são utilizadas por períodos prolongados (por um ou mais anos), e têm como objetivo diminuir o processo inflamatório e controlar os sintomas da doença.
A fisioterapia ajuda aliviar os sintomas e a evitar possíveis contraturas e retrações. O uso de protetores solares (fotoproteção) também é recomendado para evitar a piora das lesões de pele.
O tratamento da calcinose pode ser realizado com o uso de agentes quelantes do cálcio como difosfonatos, hidróxido de alumínio e dieta pobre em cálcio. Dados epidemiológicos mostram que o prognóstico da doença na criança é melhor do que nos adultos.
Uma vez que a análise dos anticorpos miosite-específicos é considerada uma importante ferramenta auxiliar para o diagnóstico e subclassificação dos pacientes, e podem ainda contribuir com informações adicionais importantes sobre prognóstico da doença, a SYNLAB oferece um painel de anticorpos que analisa no soro do paciente os principais anticorpos relacionados com a dermatomiosite, sendo eles: MDA5, TIF1, NXP2, SAE1, KU, MI2a, MI2b, PL12, PL7, SRP, PM-Scl100, PM- Scl75, JO1, EJ, OJ, RO52.
A detecção é realizada mediante técnica de imunoblot e os kits utilizados para caracterizar a presença desses anticorpos específicos contêm reagentes com epítopos antigênicos que permitem a ligação somente de anticorpos específicos que possam estar presentes no sangue do paciente.
O exame está disponível no nosso extranet, acesse aqui.
Sobre o Grupo SYNLAB
O Grupo SYNLAB é líder na prestação de serviços de diagnóstico médico na Europa, disponibilizando uma gama completa de serviços de análise clínica laboratorial a pacientes, profissionais de saúde, clínicas e indústria farmacêutica. Proveniente da união da Labco com a SYNLAB, o novo Grupo SYNLAB é o indiscutível líder europeu em serviços de laboratório médico.
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